Em primeiro lugar, é importante saber separar o que é crise da relação e o que é crise individual
Resolvi escrever sobre casais: crises e separações. E isso em função da excelente edição deste mês da revista Pais&Filhos sobre a Pandemia do Divórcio, mostrando diversas estatísticas em mais de 6 países. Um levantamento completo e bem fundamentado, nos chamando a atenção para a gravidade dos riscos que os casais correm com a pandemia e suas medidas preventivas e emergenciais.
Sim, os casais estão sob uma forte ameaça à sua subexistência, já que tanto o confinamento, como o distanciamento nas relações do nosso cotidiano criaram situações inusitadas, inéditas, sofridas e estressantes para os envolvidos.
Casais saudáveis e casais disfuncionais respondem diferentemente aos desafios de mudanças internas e externas, às crises previsíveis e imprevisíveis ao sub-sistema conjugal. Casais saudáveis conseguem se adaptar à mudanças e imprevistos, impedindo que sejam destrutivos. São casais inteligentes, que sabem que a vida não é para amadores e sim para quem se prepara e amadurece com o tempo. Sabem conviver com as frustrações e dificuldades típicas da vida a dois. Não sucumbem.
Já casais imaturos, que acham que a vida de casal é só harmonia e alegrias infinitas, se destroem pois são infantis e vivem de uma ilusão e não da realidade dos casais e casamentos. Infelizmente existe muita propaganda enganosa neste sentido. Quem está num casamento de longo prazo sabe as renúncias e o “preço” para obter os ganhos de uma parceria longeva.
Casais que conseguem amadurecer durante a relação vão aprendendo a enfrentar suas crises e dificuldades típicas da vida a dois. Não se iludem com filmes românticos tipo Romeu e Julieta, que estão mais para ficção do que realidade – e todos sabem bem disso, embora por vezes queiramos negar a realidade. Temos que cair na real antes que seja tarde demais.
Enfim, sem dúvidas a pandemia que vivemos nos afeta sobremaneira, nos tira do eixo, ficamos vulneráveis, tristes, impedidos de ir e vir, expostos a conflitos, realmente uma situação limitante e asfixiante. Vamos enfrentar com humanidade e humildade, reconhecendo que a vida requer sabedoria, paciência e tolerância. Vamos desenvolver mecanismos de defesa positivos, que nos protejam das intempéries da vida.
E para os casais, o mais importante: reconhecer os sofrimentos impostos pelas circunstâncias pandêmicas, que não são conflitos intrínsecos à conjugalidade e à dificuldade da dupla. Diferenciar a crise do casal, da crise existencial individual é fundamental. São crises distintas, mas que misturamos com facilidade, nos levando a decisões equivocadas e irreversíveis.
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