E ESSE É UM DAQUELES ASSUNTOS MUITO IMPORTANTE PARA NÓS, MÃES E PAIS
Superproteção, proteção ou desproteção? Eis a questão!
Quando nos tornamos pais e mães, temos uma questão importante a observar no cuidado aos nossos filhos. Quanto proteger? Proteger é cuidar, mas superproteger ultrapassa a medida do cuidar. Então, qual a medida mais próxima da necessidade dos filhos?
As perguntas que habitam nas mães é mais ou menos assim: “Será que estou superprotegendo meu filho, impedindo que ele tenha mais liberdade para experimentar, mesmo que se machuque, e algo pior aconteça? Será que deixo ele subir a escada mesmo que venha a cair? O quanto devo proteger meus filhos das frustrações da vida? O quanto devo deixar ele se frustrar e se aborrecer?”.
Em geral, superprotegemos ou desprotegemos – polos opostos, e dificilmente vamos acertar na dose protetiva. Até porque, só se torna pai e mãe no exercício da função e não antes disso acontecer, pois é um processo de desenvolvimento relacional. Antes da vivência prática propriamente dita somos apenas “teóricos” e idealistas demais na expectativa da função parental.
Infelizmente ou felizmente vamos replicar e atuar – o que quer dizer que vamos repetir ou fazer o oposto – a partir dos modelos que tivemos com nossos pais, que são a nossa matriz de identidade familiar. Infelizmente, quando a experiência não foi saudável e, felizmente quando as coisas foram na medida suficiente.
A maior dificuldade dos pais e mães é avaliar a real necessidade biopsicossocial dos próprios rebentos. Sem dúvidas temos uma relação intensa e profunda com nossas crias, o que nos impede, por princípio, de visualizar e autoidentificar os excessos e faltas da relação.
Somadas às dificuldades acima colocadas, que são modelo da matriz familiar herdada + relação simbiótica (que se refere à ligação inicial emocional com os filhos) não é difícil imaginar o desafio dos pais – principalmente em relação ao primogênito, que é filho da inexperiência parental. É muito frequente que os primogênitos sejam superprotegidos.
Isto posto, é necessário que se entenda essas variáveis que influem enormemente no seu perfil de proteção filial. E, através de uma conscientização, ir calibrando para mais ou para menos a relação com seu filho. Já que filhos superprotegidos são uma lástima em termos de desenvolvimento emocional, afetivo, funcional e filhos desprotegidos também serão sequelados pela vida inteira. Uma das principais fontes da autoconfiança e da autonomia dos filhos passa pela qualidade e nível de proteção e controle dos pais.
Mães suficientes, já ouviram falar?
A medida da proteção mais claramente definida, a meu ver, foi feita pelo Dr. D W. Winnicot*, que apresentou cientificamente o conceito da “mãe suficiente”. De uma forma mais resumida, é claro, a melhor situação para o desenvolvimento do seu filho é ter pai e mãe suficientes.
Ele nos mostra que mãe “demais” atrapalha tanto quanto mãe “de menos”. Ou seja, mães que exageram e superprotegem, criam filhos inseguros, problemáticos, são os filhos das ‘mãezites’ (mãe “infectada” pelo excesso de proteção). Assim como a mãe insuficiente, que acaba negligenciando ou até rejeitando (mesmo que inconscientemente) as necessidades dos filhos, por questões severas no histórico de vida da própria mãe e/ou pai na relação com seus progenitores.
Existem várias maneiras de avaliação e reconfiguração do nível de proteção e cuidado parental para que seja suficientemente boa. Por isso, minhas recomendações são:
Grupo de mães e/ou de pais: são grupos com periodicidade mensal ou quinzenal, com pautas escolhidas pelo próprio grupo, que discute dificuldades com os filhos;
Aconselhamento familiar: os pais marcam um diagnóstico com um psicoterapeuta familiar, que poderá, em conjunto, construir tarefas e metas de desenvolvimento do papel genitorial;
Entre outras maneiras especializadas, que são ferramentas disponíveis para cada situação em particular.
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